segunda-feira, 14 de maio de 2012

strangers in paradise

   tu és tudo o que eu um dia sonhei, volta,
sempre tua.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

tornado

   a mentira é sempre mais fácil de acreditar do que a verdade, digere-se melhor, ouve-se o que se quer ouvir. tu tens esse dom, de me encantar, de aos meus ouvidos dar mel e aos meus olhos ternura. seria perfeito se eu não fosse quem sou. se eu não te conhecesse-se como conheço. as pessoas a quem chamas de amigos, não fariam por ti metade do que eu fiz, e nunca estariam aí para comer metade do que eu como. e se calhar o problema é esse, sou eu. tolerância, perdão, amor. tudo o que te faço, tudo o que te dou, tudo o que um dia mereces-te, tudo o que hoje não mereces. juro que tento, com tudo o que posso, com tudo o que tenho. mas as más memórias vão se desvanecendo pelo meu corpo como areia entre os meus dedos. e no fim nada resta, só a ideia longínqua de uma dor que um dia me provocas-te. a tentativa de me afastar é em vão, e o meu único desejo é colar-me a ti, como dois gémeos siameses, como adão e eva, como o sol e a lua, como unha e carne, como paixão e ódio. nunca o meu sentimento por ti foi mais puro e no entanto tão complexo. sinto que se desaparecesse no ar, nunca perceberias que algum dia lá estive, que nunca olharias para trás a pensar que deverias ter tomado outras opções comigo, que nunca te arrependerias de algum dia não me ter amado. sinto também que hoje não és feliz. que te sentes incompleto, que te falta o núcleo fundamental da tua existência. sinto que te poderia dar isso tudo. por muito pouco que significasse para ti, para mim significaria o mundo. saber que um dia te proporcionei um sorriso, faz-me corar. que por um segundo foste meu, preenche-me o coração. que para a eternidade serás de outra, enche-me de lágrimas. saber que hoje me odeias, mata-me. contigo sorri, beijei, amei, sofri, chorei, cresci. e se um dia te abandonar a ti, a mim, aqui, faço de ti a minha melhor memória, a minha eterna memória, a minha memória perfeita.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

cristal

   não escrevo, nunca escrevi. não sinto necessidade de meter palavras num papel, nunca fui ouvida por nenhum. mas quando o chão vos foge, os pilares desabam e quando o ar parece já não ser suficiente para sobreviver, eu escrevo. eu escrevo porque sinto que a única coisa que me poderá ouvir é o papel. o meu mundo de solidão nunca será recomendado a ninguém. o sentimento de desespero nunca deverá ser o sentimento do dia. o pensamento de vazio não pode constar no nosso dicionário. estes três componentes juntos causam algo que não consigo descrever, algo mágico, mas profundamente mortal. a sensação de dor faz-nos ver o quão frágil somos, e por isso deixa-nos contentes por não termos um bloco de gelo no lugar do coração, deixa-nos esperançosos. mas a ideia de abismo, sem ponta onde nos agarrar, destrói cada célula existente em nós. por vezes é o amor, o ex-namorado que te ignora e por quem ainda tens sentimentos. outras vezes são os amigos, aqueles que supostamente estavam lá para tudo incondicionalmente, e não estão. e outras vezes és tu. o sentimento de culpa e o arrependimento fazem do ser humano o animal mais quebrável de todos. as acções que tomas-te consomem-te, pensas e repensas em todos os caminhos possíveis que poderias ter tomado, e culpas-te a ti próprio por ter escolhido aquele e agora estares na merda, como nunca antes tinhas estado. eu hoje sinto-me assim, na merda, no abismo, sem nada a que me agarrar, consumida por culpa e arrependimento, quebrável, como cristal.